Pessoal, acompanhei atentamente as finais de disputa de samba-enredo nas escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Fiquei espantado com os sambas vencedores. Quanta porcaria!!! Sincaramente, eu só salvo o samba da Imperatriz Leopoldinense, o da Beija-Flor e do Salgueiro. No mais, as músicas pecam nas melodias, nas letras e em outros aspectos.
As minhas maiores decepções foram os sambas de Vila Isabel e Grande Rio. A Vila vai falar em 2009 sobre os 100 anos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Esse é - de longe - o melhor enredo entre as escolas. A sinopse do enredo, elaborada pelo carnavalesco Alex de Souza, fala da construção, da inauguração, dos grandes espetáculos, das grandes personalidades e de vários pormenores que estão presentes na rica história do Theatro Municipal. Era de se esperar que o samba fosse fiel ao enredo, mas isso não aconteceu. O que podemos ouvir é um punhado de frases prontas do tipo cliche, como "Girar no sonho de uma bailarina" e "O astro Rei brilha no Céu". Quanta falta de criatividade! Presidente Moisés (que é meu amigo), não fique aborrecido comigo, mas esse samba não está à altura de uma escola que acaba de inaugurar a quadra mais bonita que eu já vi e que apresenta o enredo mais rico historicamente e intelectualmente (Puxa a orelha da rapaziada aí, Moisés!!!).
O samba da Acadêmicos do Grande Rio, escola que vai falar da França, é um SHOW DE HORRORES. No refrão principal, há duas palavras francesas de pronúncia complicada, que vão comprometer a correta interpretação do samba na avenida. Tanto isso é verdade que, na gravação feita pelos compositores, o intérprete não as consegue pronunciar direito. Além disso, a letra comete erros históricos absurdos ao abordar a invasão francesa ao Rio de Janeiro e ao falar da Revolução Francesa. Os compositores simplesmente dão a entender que as navegações francesas que resultaram na invasão do Rio foram impulsionadas pela revolução, que aconteceu mais de 100 anos depois. Meu Deus!!.... Quanto desconhecimento histórico!! O mínimo que se espera de alguém que vai fazer um samba é o conhecimento do tema.
Acho que a chamada "Nova Geração" do samba tem bons nomes, ao contrário do que alguns críticos musicais dizem. Desta forma, não se pode generalizar nas críticas e dizer que nunca mais haverá um compositor como Silas de Oliveira e outros grandes mestres. Mas, mesmo defendendo os novos compositores, acho que o pessoal "errou a mão" neste ano. A culpa é - em grande parte - das direções das escolas que, durante o processo de escolha do samba, preferem as músicas que apenas "agitem o povão" (que muitas vezes é contratado pelos próprio compositores) em detrimento dos sambas fiéis à proposta do carnavalesco.
Para encerrar, dou parabéns para Imperatriz, Beija-Flor e Salgueiro, que mais uma vez escolheram o samba da maneira coerente com o tema. Aproveito para dar parabéns também às escolas da Lesga (Grupo de Acesso "A"), que estão escolhendo bons sambas e produzindo o CD de maneira bem mais profissional.
Saudações aos amigos!
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
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