quinta-feira, 30 de outubro de 2008

NÃO SEI MAIS...

Pessoal, na última terça-feira (28/10/08), o tema de bate-papo do Quintal da Globo foi a legalização do aborto em casos de anencefalia. É que uma pesquisa do IBOPE mostrou que 70% dos brasileiros são favoráveis ao procedimento nesta condição. Atualmente, a lei de nosso país só permite o aborto em casos de estupro ou risco à vida da mãe, mas não em casos de anencefalia. Durante o programa, fizemos um debate com duas especialistas sobre o tema. Uma delas era favorável e a outra contrária. Logo em seguida, os ouvintes começaram a participar ao vivo. Um deles, disse que a irmã descobriu a anencefalia do bebê aos três meses de gestação e resolveu levar a gravidez até o fim. A menina nasceu, viveu algumas horas e morreu. Mas a forma como aquele homem contava a história realmente me comoveu. Para se ter uma idéia, logo após a participação do ouvinte, chamei o intervalo para "respirar" melhor, já que tinha de apresentar o programa até o final, mesmo que a emoção fosse forte. No dia seguinte, o cunhado deste ouvinte - o pai da menina que teve anencefalia - me passou por e-mail a foto da Giovanna e um texto que, confesso, implodiu tudo o que eu pensava sobre este assunto. Como os amigos sabem, eu tenho lado e posicionamentos próprios sobre quase tudo. Mas hoje, após ler o texto que nosso ouvinte mandou e ver a foto do bebê, tenho que admitir o que prá mim é uma tortura: NÃO TENHO MAIS OPINIÃO FORMADA SOBRE ABORTO EM CASOS DE ANENCEFALIA.
Marcelo Pires, o pai da Giovanna, autorizou a divulgação do texto dele e da foto da menininha aqui no blog. Desde já, obrigado, Marcelo. Espero que os amigos leiam, vejam a foto da menina e tirem alguma conclusão, pois eu, sinceramente, não sei mais o que pensar sobre o tema.
Segue o texto abaixo:


"Vivemos dias em que a família tem sido atacada por todos os lados. Não podemos deixar que isso aconteça, é nesse grande projeto de Deus, que começa o respeito ao companheirismo, ao perdão, a vida e outros. E é nesse respeito à vida que começa a grande responsabilidade e a grande felicidade de ser pai.

Eu sempre tive vontade de ser pai, mas nunca me achava preparado para esse dia, achava que não conseguiria ser um modelo de pai exemplar como o meu foi para mim. Mas Deus tinha uma grande surpresa e um grande desafio que mudaria totalmente a minha vida. Quando nós engravidamos (a gravidez pertence ao casal), ficamos muito felizes e foi uma grande festa para os nossos familiares. Começamos então a fazer as ultra-sonografias e no terceiro mês de gestação eu e minha esposa Monica descobrimos que a nossa princesinha tinha Anencefalia.

Anencefalia significa ausência do encéfalo. Essa definição é falha, uma vez que o encéfalo compreende, além do cérebro, o cerebelo e o tronco cerebral.

O seu tempo de vida seria curto, mas intenso. Nós não passamos a gravidez esperando a morte dela e sim o momento (mesmo que pouco tempo ) em que a teríamos em nossos braços. O grande dia chegou e eu fiz questão de assistir ao parto da Giovanna. Mesmo com seu problema era ela linda e consegui curtir o máximo de tempo possível a minha filhota. Quando chegou o momento do enterro fiz questão de levar seu cachãozinho como sinal de proteção. Quando tudo estava finalizado, eu estava com uma sensação de dever cumprido. Apareceu-me um amigo e disse: “Você foi pai de verdade!”. Quantos pais passam a vida toda com seus filhos e não conseguem demonstrar o seu amor como eu pude demonstrar. Fico feliz e agradeço a Deus por isso.

Deus me deu outra filhota, a Luísa (ela também é linda), tem dois anos e sabe que teve uma irmã chamada Giovanna. Quando perguntamos a ela quem é essa da foto, ela responde: “IMÔ. Quando batizamos a Giovanna na sala de cirurgia, conseguimos lhe dar a vida eterna, mas agora vem a nossa nova grande responsabilidade, a de criar a nossa filha Luísa no ensinamento Cristão para que ela possa seguir a sua vida nos ensinamentos de Deus."


Texto do ouvinte Marcelo Pires - do Rio de Janeiro. Abaixo, a foto da Giovanna:



Rolei a bola prá vocês. Que cada um forme a sua opinião agora.

Abraços!

9 comentários:

Unknown disse...

Oi filho
Em primeiro lugar, adorei o seu blog.Só acho que ele deveria se chamar:"essemeninotevemuitojeito"pela sua inteligência e desenvoltura!!!
Eu como sua mãe sempre torci por vc, sempre apostei em vc e sabia que vc seria sempre uma pessoa muito especial!Vejo seu futuro brilhante como profissional,pai e marido,assim como vc tem sido um filho muito carinhoso e atencioso.
Sobre o aborto e a anencefalia, este é um assunto muito delicado e creio que deva ser decidido, caso a caso, pelas famílias acometidas pelo problema.Muito me comoveu a estória da Giovana!Mesmo assim devo dizer que acredito que a opção do aborto deverá ser oferecida à quem quiser.Por isto sou a favor da legalização do aborto neste caso.Entretanto ddevo dizer também que sou a favor geral do aborto, mas este papo já é mais complexo.
Um beijão da sua mãe
Beth Penna Firme

aretuza disse...

conheci a monica, que é mae da giovana, em Brasilia, no Supremo Tribunal Federal, quando houve uma audiencia publica sobre a anencefalia aqui.
Eu me apaixonei pela forma tão carinhosa que a Monica carregava as fotos da filha dela e pedi para ver.
Ficou gravado no meu coração o amor desta mae.
Agora sei q alem de uma mãe especial a Giovana também tem um pai e tios especialissimos. Que menina feliz!!!!
É realmente uma historia de amor incondicional de tirar o folego. Estou mais uma vez emocionada.
grande abraço a todos
aretuza - Brasilia - DF

Gabriel Resgala disse...

Conheci a Mônica, a mãe da Giovanna, quando ela deu um depoimento sobre sua história, no Rio... Lembro que uma frase dela que me marcou foi mais ou menos assim: "o meu maior sofrimento não foi a morte da minha filha, mas o fato de eles tratarem-na como se ela não tivesse vida, como se querer cuidar dela fosse só um capricho meu".
Hoje ela luta para que o aborto de crianças com anencefalia não seja uma opção, mas garanta-se um direito à vida dessas crianças com deficiência. É fácil dizer que é questão de vontade de alguém... difícil é reconhecer a verdade da vida da outra pessoa, por mais diferente que ela seja..

Se nos lembrarmos que a vida existe, tudo fica mais fácil... Como diz a Mônica, "é vida e pronto!"

Ela finalizou o depoimento dizendo: "Hoje tenho uma filha 'normal'. E ela sempre saberá que os pais dela não a amam só por ela não ter nenhum problema, a amam do jeito que ela é, como amaram sua irmãzinha. Ela sempre saberá que nunca abortaríamos, nunca teríamos a coragem de tirar a sua vida, fosse ela 'normal' ou não."

André disse...

Achei seu título "Não sei mais" muito interessante, reflete sua humildade frente a um tema realmente tão delicado. Permita-me apresentar alguns elementos para ajudá-lo em sua busca por um posicionamento.

Acho importante perguntarmos: por que permitir o aborto de um bebê anencéfalo?

Seria porque ele irá morrer logo?
Não há como precisar o quanto viverá um anencéfalo: horas, dias, meses... Mas é certo que viverá pouco, pois possui grande enfermidade. Contudo, certo também é que a nossa vida humana é preciosa e única não pelo tempo que dura, mas pelo simples fato de existir. Não adquirimos mais valor à medida que vamos ficando mais velhos, nem passamos a ser mais "seres humanos" à medida que o tempo passa. Mantemos nossa qualidade de filhos, humanos e valiosos desde o início até o fim. E o fato de que "irá morrer logo" deveria nos impulsionar à mesma atitude que temos, por exemplo, quando temos algum parente com câncer agressivo:"vamos aproveitá-lo, curtí-lo e amá-lo o máximo que der!". Não é esta uma reação mais natural? Por que, então, não aproveitar, curtir e amar o bebê anencéfalo enquanto ele estiver vivo no meio de nós?

Outros dizem "é incompatível com a vida"
Como pode ser incompatível com a vida alguém que está vivo? Sim, ele tem uma grave enfermidade, que encurtará muito a sua vida, mas é alguém que está vivo!

E o sofrimento da mãe, da família? Por que prolongá-lo?
Esta é realmente uma questão delicadíssima, de grande dor. Só que é preciso entender que a origem da dor da mãe está na enfermidade grave do filho. E abortá-lo não irá curar a enfermidade dele, nem eliminar o sofrimento da mãe. Diante da situação de enfermidade que atinge esta família, nossa postura deve ser de acolhida, companhia e muito amor; assim como agimos com a mãe de um adolescente com doença incurável. Não podemos pensar que a solução seja eliminar o filho, para acabar com a dor da mãe. O sofrimento está muitas vezes presente na nossa vida e nem sempre poderemos eliminar a sua causa. Então, temos que nos ajudar mutuamente, para diminuir a dor.

Além disso, muitas mães de bebês anencéfalos pensam que a enfermidade do filho é culpa delas, o que precisamos ajudá-las a ver que não é.

Nestes últimos 6 meses tive contato com 5 famílias que tiveram a gestação de uma criança com anencefalia e cuidaram de suas crianças até sua morte natural. E o que pude perceber em todas estas mães é que carregavam a dor da perda do filho, mas, ao mesmo tempo, a tranquilidade e paz de terem estado com seus filhos até o fim, principalmente porque eram filhos frágeis e muito enfermos.

Por fim, alguém poderia dizer "então, que fique a critério de cada mãe, levar ou não a gestação a diante".
Só que autorizar uma mãe a matar o seu próprio filho no ventre é tão cruel quanto autorizá-la a fazer quando ele já nasceu. Em ambas as situações, ele é seu filho e ser humano vivo.

Espero ter contribuído. Achei o blog bem legal!!

Gabriel Resgala disse...

O André disse tudo!

Unknown disse...

Prezados amigos!
Sou espírita e recebi de um dirigente espírita, esse texto que segue abaixo.
Claro que sei que nem todos acreditam na doutrina. Mas para aqueles que acreditam, o texto será bem interessante, pois trata-se do relato de um caso.
Abraços fraternos.
Enar Marilia Mussoi
enarmariliam@gmail.com
ANENCEFALIA E AMOR



... João e Maria eram casados há dois anos. A felicidade havia batido à sua porta. Maria estava grávida. Exultantes, procuraram o médico obstetra para as orientações iniciais. Planos mil, ambos estabeleceram. Ao longo dos meses, no entanto, foram surpreendidos, através do estudo ultrassonográfico, pela triste notícia de que seu bebê era anencéfalo. Ao serem informados, caíram em prantos ao ouvirem a proposta do obstetra lhes oferecendo o abortamento. Posicionaram-se contrários, explicando sua visão espírita.

- Trata-se de um ser humano que renasce precisando de muito amor e amparo. Nós estaremos com nosso filho(a) até quando nos fôr permitido.

- Mas esta criatura não viver além de alguns dias ou semanas na incubadora, disse o obstetra.

- Estamos cientes, mas até lá seremos seus pais.

Guardavam, também, secretamente, a esperança de que houvesse algum equívoco de diagnóstico que lhes proporcionasse um filho saudável.

Durante nove meses, dialogaram com seu bebê, intra-útero. Disseram quanto o (a) amavam. Realizaram, semanalmente, a reunião do Evangelho no Lar, solicitando aos mentores a proteção e amparo ao ser que reencarnava.

Chegara o grande momento: em trabalho de parto, Maria adentra à maternidade com um misto de esperança e angústia. A criança nasce; o pai ao ver o filho, sofre profundo impacto emocional, tendo uma crise de lipotimia. O bebê anencéfalo sobrevive na incubadora com oxigênio, 84 horas. Há um triste retorno ao lar.

Passam-se aproximadamente 2 anos do pranteado evento. João e Maria, trabalhadores do instituto de cultura espírita de sua cidade, freqüentavam, na mencionada instituição, reunião mediúnica, quando uma médium em desdobramento consciente informa ao coordenador do grupo:

- Há um espírito de uma criança que deseja se comunicar.

- Que os médiuns facilitem o transe psicofônico para a atendermos, responde o dirigente.

Após alguns segundos, uma experiente médium dá a comunicação:

- Boa noite, meu nome é Shirley. Venho abraçar papai e mamãe.

- Quem são seu e sua mãe?

- São aqueles dois – disse, apontando João e Maria.

- Seja bem-vinda Shirley, muita paz! Que tens a dizer?

- Quero agradecer a papai e mamãe todo o amor que me dedicaram durante a gravidez. Sim, eu era aquele anencéfalo.

- Mas, você está linda agora.

- Graças às energias de amor recebidas, graças ao Evangelho no Lar, que banharam meu corpo espiritual durante todo aquele tempo.

- Como se operou esta mudança?

- Tive permissão para esta mensagem pelo alcance que a mesma poderá ter a outras pessoas. Eu possuía meu corpo espiritual muito doente, deformado pelo meu passado cheio de equívocos. Fui durante nove meses envolvida em luz. Uma verdadeira cromoterapia mental que gradativamente passou a modificar meu corpo astral (perispírito). Os diálogos que meus pais tiveram comigo foram uma intensa educação pré-natal e muito contribuíram para meu tratamento. Eu expiei, no verdadeiro sentido da palavra. Expiar é como expirar, colocar para fora o que não é bom. Eu drenei as minhas deformidades perispirituais para meu corpo físico e fui me libertando das minhas deformidades. Como meus pais foram generosos! Meu amor por eles será eterno.

- Por que estás na forma de uma criança, já que te expressas tão inteligentemente?

- Porque estou em preparo para o retorno. Dizem meus instrutores que tenho permissão para informar. Meus pais têm o merecimento de saber. Devo renascer como filha deles, normal, talvez no próximo ano.

Após dois anos, renasceu Shirley, que hoje é uma linda menina de olhos verdes e cabelos castanhos, espírito suave e encantador. Consideramos respondida a questão.

(Fonte: Folha Espírita, OUT/2001 – art. do Dr. Ricardo Di Bernardi).

Oswaldo Viana Jr disse...

Oi Daniel, saudações tricolores!

Espero que os depoimentos já postados o ajudem a tomar a decisão acertada sobre este assunto.

Abração!

Unknown disse...

Queridos Marcelo e Mônica!
Quanto tempo não os vejo...
Sumi da paróquia, nem sei mais se vcs frequentam ainda. Sabe que sou manteiga derretida, que chorei mto lendo, né? Sabe toda vez que escuto esse tema com ctz penso em vcs. O testemunho vivo de amor de vocês, com certeza transformou muitas pessoas, guardo com muito carinho a lembrança do pezinho da Giovana com a letra da música do Pe. André. Vocês são pessoas únicas no mundo. Mônica vc é doce e com um coração maravilhoso. Marcelo vc foi mto forte e companheiro. Olha não consigo mais escrever... A vista está turva, as lágrimas descem, não por tristeza mais sim por ver que o AMOR incondicional de pais que vcs tem!
Parabéns por mostrarem não só p/ os mais próximos esse amor!
Beijos saudosos...

Unknown disse...

olá... olá, eu SOU da Bahia, comunicadora há 09 anos e no momento desempregada....rs
Amo o rádio, sou apaixonada e por isso optei em atuar na aréa.
Conheci seu trabalho e estou aqui agora para participar do seu blog com muito carinho.