quinta-feira, 30 de outubro de 2008

NÃO SEI MAIS...

Pessoal, na última terça-feira (28/10/08), o tema de bate-papo do Quintal da Globo foi a legalização do aborto em casos de anencefalia. É que uma pesquisa do IBOPE mostrou que 70% dos brasileiros são favoráveis ao procedimento nesta condição. Atualmente, a lei de nosso país só permite o aborto em casos de estupro ou risco à vida da mãe, mas não em casos de anencefalia. Durante o programa, fizemos um debate com duas especialistas sobre o tema. Uma delas era favorável e a outra contrária. Logo em seguida, os ouvintes começaram a participar ao vivo. Um deles, disse que a irmã descobriu a anencefalia do bebê aos três meses de gestação e resolveu levar a gravidez até o fim. A menina nasceu, viveu algumas horas e morreu. Mas a forma como aquele homem contava a história realmente me comoveu. Para se ter uma idéia, logo após a participação do ouvinte, chamei o intervalo para "respirar" melhor, já que tinha de apresentar o programa até o final, mesmo que a emoção fosse forte. No dia seguinte, o cunhado deste ouvinte - o pai da menina que teve anencefalia - me passou por e-mail a foto da Giovanna e um texto que, confesso, implodiu tudo o que eu pensava sobre este assunto. Como os amigos sabem, eu tenho lado e posicionamentos próprios sobre quase tudo. Mas hoje, após ler o texto que nosso ouvinte mandou e ver a foto do bebê, tenho que admitir o que prá mim é uma tortura: NÃO TENHO MAIS OPINIÃO FORMADA SOBRE ABORTO EM CASOS DE ANENCEFALIA.
Marcelo Pires, o pai da Giovanna, autorizou a divulgação do texto dele e da foto da menininha aqui no blog. Desde já, obrigado, Marcelo. Espero que os amigos leiam, vejam a foto da menina e tirem alguma conclusão, pois eu, sinceramente, não sei mais o que pensar sobre o tema.
Segue o texto abaixo:


"Vivemos dias em que a família tem sido atacada por todos os lados. Não podemos deixar que isso aconteça, é nesse grande projeto de Deus, que começa o respeito ao companheirismo, ao perdão, a vida e outros. E é nesse respeito à vida que começa a grande responsabilidade e a grande felicidade de ser pai.

Eu sempre tive vontade de ser pai, mas nunca me achava preparado para esse dia, achava que não conseguiria ser um modelo de pai exemplar como o meu foi para mim. Mas Deus tinha uma grande surpresa e um grande desafio que mudaria totalmente a minha vida. Quando nós engravidamos (a gravidez pertence ao casal), ficamos muito felizes e foi uma grande festa para os nossos familiares. Começamos então a fazer as ultra-sonografias e no terceiro mês de gestação eu e minha esposa Monica descobrimos que a nossa princesinha tinha Anencefalia.

Anencefalia significa ausência do encéfalo. Essa definição é falha, uma vez que o encéfalo compreende, além do cérebro, o cerebelo e o tronco cerebral.

O seu tempo de vida seria curto, mas intenso. Nós não passamos a gravidez esperando a morte dela e sim o momento (mesmo que pouco tempo ) em que a teríamos em nossos braços. O grande dia chegou e eu fiz questão de assistir ao parto da Giovanna. Mesmo com seu problema era ela linda e consegui curtir o máximo de tempo possível a minha filhota. Quando chegou o momento do enterro fiz questão de levar seu cachãozinho como sinal de proteção. Quando tudo estava finalizado, eu estava com uma sensação de dever cumprido. Apareceu-me um amigo e disse: “Você foi pai de verdade!”. Quantos pais passam a vida toda com seus filhos e não conseguem demonstrar o seu amor como eu pude demonstrar. Fico feliz e agradeço a Deus por isso.

Deus me deu outra filhota, a Luísa (ela também é linda), tem dois anos e sabe que teve uma irmã chamada Giovanna. Quando perguntamos a ela quem é essa da foto, ela responde: “IMÔ. Quando batizamos a Giovanna na sala de cirurgia, conseguimos lhe dar a vida eterna, mas agora vem a nossa nova grande responsabilidade, a de criar a nossa filha Luísa no ensinamento Cristão para que ela possa seguir a sua vida nos ensinamentos de Deus."


Texto do ouvinte Marcelo Pires - do Rio de Janeiro. Abaixo, a foto da Giovanna:



Rolei a bola prá vocês. Que cada um forme a sua opinião agora.

Abraços!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O "MANÉ"

Amigos, não sou muito fã de notícias do mundo de artistas ou fofocas em geral. No entanto, li no site do jornal "O Dia" algo no mínimo curioso. É que a nova rainha de bateria da Unidos do Viradouro já foi expulsa de uma igreja evangélica por ter realizado o sonho de ser dançarina do grupo "É o Tchan". E mais, atualmente ela enfrenta resistência do namorado - evangélico -, que chegou a chorar ao vê-la participar do concurso para a escolha da musa da bateria.
Na reportagem, Juliane Almeida se mostra muito eqüilibrada ao dizer que a dança, o samba e o carnaval não a afastam de Deus, pois são apenas coisas comuns, que não possuem ligação alguma com a espiritualidade. Está certíssima!!! A família da moça também pensa da mesma forma. Mas o namorado... O cara também foi procurado pelo jornal e afirmou que não vai ao desfile da Viradouro, pois "firmou um compromisso com Deus de não participar do carnaval". Ele disse também que, em algumas ocasiões nas quais a namorada estava na quadra da Viradouro, ele foi para a igreja orar.
A análise que faço disso é a seguinte: TOMARA QUE ESSE CARA PERCA ESSA NAMORADA RAPIDAMENTE!!!!! Onde já se viu um negócio desses????!!!! Quer dizer que o indivíduo namora uma verdadeira beldade e tem vergonha de aparecer em público com ela por causa da igreja????!!! Olha, tomara que esse cara perca a namorada e, de preferência, para alguém igualmente evangélico, mas que não seja um fanático "sem-cérebro"!!! Não há justificativa plausível para alguém ir "orar" durante um momento importante na vida da pessoa amada. E não importa o tipo de aliança que se faça com Deus, nada justifica o fanatismo e o desprezo pelos valores do outro num relacionamento.
Sei bem como funciona a mente do fanático-religioso. O verdadeiro Deus do fanático é o próprio fanático, com suas convicções arraigadas e sem qualquer espaço para o diálogo. O fanático é o dono da verdade, enche o saco de todo mundo, quer obrigar todos a seguí-lo e o pior de tudo, passa para o povo uma impressão errada do que a religião realmente prega.
Antes de qualquer coisa, o Evangelho é amor. Jesus aparece na bíblia como um cara que participava de festas, ingeria bebida alcoólica, ria, chorava, sentia sono, ficava aborrecido e convivia com todo e qualquer tipo de gente, incluindo aí os que acreditavam Nele ou não. Cristo não está nem aí para Carnaval, sexo antes do casamento, camisinha, anti-concepcional, uma cervejinha com os amigos depois do expediente e outros atos comuns do nosso cotidiano. O filho unigênito de Deus espera que a humanidade pratique o amor sem restrições para com o próximo e o bem sem olhar a quem. Os fanáticos não entendem direito a mensagem de Jesus (por ignorância ou por lavagem cerebral) e o transformam num ser "castrador", contrário a toda e qualquer coisa que a gente faça, que não seja ir à igreja e obedecer o padre ou pastor (que muitas vezes é completamente louco ou sem caráter mesmo). Na mente do fanático, tudo que se faz normalmente no nosso cotidiano tem reflexos na vida espiritual. Eles espiritualizam coisas que são absolutamente normais na nossa sociedade, isso é inaceitável!
Esse assunto será título de uma grande reflexão em breve aqui no Blog. Por hora, fico por aqui.

Abraços!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

COBERTURA DE FÉRIAS

Gente, a partir de hoje apresento o Quintal da Globo nas férias do comunicador Marcus Aurélio. O programa vai ao ar para todo o Brasil, de domingo a sexta-feira, entre 20:00 e 22:00, nas mais de 30 emissoras da Rádio Globo Brasil ( 1220 AM Rio / 1100 AM São Paulo / 1150 AM Belo Horizonte). Comando o programa até o dia 16 de novembro. Mais uma vez, conto com a audiência e o carinho de todos.

Abraços!

domingo, 26 de outubro de 2008

VITORIOSOS E VENCEDORES

Como não poderia deixar de ser, aproveito o espaço para comentar o resultado da eleição aqui no Rio de Janeiro. Não vou comentar os resultados de São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, pois os números finais foram absolutamente previsíveis.
Antes de qualquer coisa, vale ressaltar que, não sou cartomante nem pai-de-santo, mas fiz a previsão exata do que ia acontecer na eleição da Cidade Maravilhosa. Nenhum Cientista Político teve coragem de prever o que iria se passar no Rio de Janeiro. Eu falei! Eu disse que Gabeira bateria Crivella na última semana do primeiro turno, disse que Gabeira entraria no segundo turno em vantagem, disse que os candidatos do primeiro turno se juntariam a Paes, disse que iria ser usado todo tipo de baixaria contra Gabeira e, finalmente, disse que ele seria ultrapassado na última semana da campanha, mas a derrota nas urnas se daria por um percentual mínimo. Portanto, não perca seu dinheiro com profetas, pais-de-santo, cartomantes, tarólogos, astrólogos ou ciganas. Pergunte para o "Mestre Daniel"!!!
Dito isto, analiso o resultado final da seguinte forma: o vencedor da eleição foi Eduardo Paes, mas o vitorioso foi Fernando Gabeira. Vencedor e votorioso são conceitos absolutamente distintos. Paes venceu porque soube utilizar toda a máquina da qual dispunha. Ele foi capaz de atrair os candidatos derrotados no primeiro turno e formar um "blocão" anti-gabeira. O peemedebista foi beneficiado por inúmeras campanhas paralelas que agrediam diretamente o adversário. Além disso, Paes soube formular propostas concretas durante a campanha e não ficou só no plano das idéias, como Gabeira. O agora prefeito eleito sabe muito bem que a maior parte da população ainda se deixa convencer pelas propostas megalomaníacas que parecem resolver todos os problemas da população mas não saem do papel. Sem fazer qualquer juízo de valor, parabéns para Eduardo Paes por essa percepção e nada mais.
Fernando Gabeira foi o verdadeiro vitorioso! O candidato não fez promessas de campanha, não sujou a cidade com material eleitoral, não atacou adversários e derrubou verdadeiros gigantes no primeiro turno. Gabeira mostrou ao povo brasileiro que é possível fazer campanha em alto nível e trazer mais idéias e menos promessas vazias para o debate político. Ele foi atacado de maneira covarde com folhetos apócrifos, agressões diversas e - sobretudo - uma atuação irresponsável da mídia, que lhe roubou frases soltas durante uma conversa telefônica e o transformou num homem preconceituoso. Fernando Gabeira teve 49 por cento dos votos e ficou a apenas cerca de 50 mil votos de Paes. Além disso, ele foi o vencedor entre o eleitorado mais jovem, o que me enche de esperanças em relação ao futuro de nosso país. Explico: os jovens de hoje, serão a maioria do eleitorado nas próximas eleições e, os jovens de amanhã, terão crescido influenciados pelos jovens de hoje. Em linhas gerais, é possível perceber uma geração bem mais conscientizada avançando rapidamente na vida política do país. Isso me dá a absoluta convicção de que a renovação do eleitorado (não só no Rio, mas em todo o Brasil) vai se fazer sentir já nas próximas eleições, em 2010. Aí eu pago prá ver algum candidato ganhar uma eleição na base do folheto apócrifo e da baixaria - como testemunhamos agora!!! Gente, Gabeira trouxe de volta a esperança de um futuro melhor, que andava meio sumida da nossa tão desacreditada política. Eu vi milhares de pessoas com camisas verdes hoje em diversos locais do Rio de Janeiro. Eu mesmo, que passei por um período apolítico em função da minha decepção com o PT, coloquei uma camisa verde e saí de casa prá votar com uma convicção ideológica que há muito não sentia. Isso é uma vitória sem preço: VOLTAR A ACREDITAR NA MUDANÇA!!
Como dizia o mestre, "nem tudo que parece realmente é". Paes conseguiu uma "vitória vergonhosa", daquelas em que a comemoração causa constrangimento ao vencedor. É como se um time ganhasse o jogo decisivo com um gol de mão, com o atacante escandalosamente impedido, com três pênaltis não marcados em favor do adversário e jogando com três jogadores a mais (sendo que os três adversários haviam sido expulsos injustamente nos 15 primeiros minutos do jogo). Senti exatamente isso em 2002, quando o meu Fluminense ganhou roubado do Bangu na semifinal do Campeonato Carioca.
Para finalizar, coloco aqui a credibilidade de jornalista que tenho para dizer que Gabeira enfrentou o poder da mentira, da manipulação, da politicagem das promessas populistas, da sujeira das campanhas e das máquinas eleitorais, mas conseguiu a vitória moral - que não tem preço.

Abraço,

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

FOTOGRAFIA COMPROMETEDORA

Pessoal, fui na casa da minha mãe outro dia e resolvi procurar alguns cd's meus que ainda estavam por lá, mesmo já decorridos quase 3 anos do meu casamento. Ela me disse que as minhas coisas "esquecidas" estavam numa caixa, na prateleira mais alta, do armário mais remoto da residência. Coloquei a escada, subi até o último degrau e retirei a "misteriosa" caixa do armário. Eu queria apenas procurar alguns cd's, mas não sabia o que realmente me esperava. Logo abaixo da tampa da caixa, estava um "cartão de visitas" nada agradável: UMA FOTO MINHA DE CAMISA DO CHE GUEVARA E COM A BANDEIRA DO PT!!!! Levei um susto, imediatamente larguei aquela "caixa de pandora" no chão do quarto e fui - meio tonto - até a cozinha para tomar água. Mesmo assim, não teve jeito, voltei ao quarto para encarar novamente aquela foto, pois queria os meus cd's, mesmo que isso me fizesse ter contato com um passado nefasto. É como afirma aquele ditado: "Só vê a paisagem, quem sobe a montanha".

A foto foi tirada em 1998, durante uma passeata contra a privatização da Vale do Rio Doce. Lembro bem que aquele dia foi pesado. Meu amigo Mário Rubem e eu matamos a aula do pré-vestibular apenas para comparecer à manifestação. A gente se concentrou (junto com mais cinco mil "companheiros") na escadaria da Alerj e, na hora marcada para o leilão na Bolsa de Valores, fomos em passeata até a porta da instituição. Ao chegarmos no local, nos deparamos com o Batalhão de Choque, que havia cercado o prédio para garantir a segurança do leilão. Mário e eu, é claro, fomos para a "linha de frente" encarar os escudos e capacetes, xingar os executivos da bolsa, chamá-los de porcos imundos do sistema capitalista, traidores da pátria, escravos do neoliberalismo. Aos policiais, os insultos foram um pouco mais leves, pois a finalidade era conscientizar os caras. Lembro bem que um "companheiro" ao meu lado - que não devia ter mais de 16 ou 17 anos - disse para o policial: "Companheiro policial, venha para o lado do povo!! O senhor está sendo apenas utilizado pelo monstros do sistema capitalista, mas é povo também".

Com o passar do tempo, os ânimos foram se exaltando e algum "companheiro sem-cérebro" resolveu atirar uma pedra na fachada da Bolsa de Valores. Fudeu! Essa era a senha para a ação dos "companheiros policiais". Teve bala de borracha, bomba de efeito moral, jato d'água, gás de pimenta, gás lacrimogêneo, cães policiais e muitas cacetadas. O que eu sei é que, após a privatização da Vale, Mário e eu estávamos sujos, famintos, repletos de marcas roxas de porrada e, no meu caso, com escoriações nos braços e pernas. Foi aí que alguém, que não me lembro quem, resolveu tirar a foto. Mário e eu levantamos imediatamente do chão sujo onde estávamos sentados, estufamos o peito, empunhamos nossas bandeiras (a minha do PT e a dele de Cuba) e posamos para a foto com uma cara parecida com a do Guevara na minha camisa.

Pois bem, decorridos pouco mais de 10 anos do episódio, eu olho a foto e me pergunto: prá que? Por que matamos aula naquele dia? Por que protestamos contra o leilão de uma empresa que servia apenas de cabide de emprego público? Por que tomamos porrada? Por que eu segurava AQUELA MALDITA BANDEIRA DO PT? Por que eu vestia a camisa com a foto de UM ASSASSINO?! São perguntas que ficarão eternamente sem resposta, justamente porque as pessoas nas quais acreditávamos adotam exatamente as mesmas práticas dos caras a quem nós chamamos de lacaios, traidores da pátria e outros insultos.

Depois de encarar a foto, peguei meus cd's e voltei prá casa. No carro, eu refletia sobre tudo isto. Se algumas perguntas não têm respostas, por outro lado, cheguei a algumas conclusões após analisar o fato. A primeira delas foi a de que, não importa em quem, mas EU ACREDITEI. A segunda foi de que, não importa como, mas EU ACHAVA MESMO QUE ERA POSSÍVEL MUDAR AS COISAS. E a terceira - e talvez mais importante - é que não utilizei grande parte da minha juventude apenas para estudar e me preparar para o mercado de trabalho competitivo, dentro de uma ótica individualista, cada vez mais predominante entre os jovens. EU NÃO ME TRANCAVA NUMA VIDINHA DE "CASA/FACULDADE/NOITADA", MAS ME PREOCUPAVA COM AS PESSOAS, COM O BRASIL, COM O MUNDO. O PT era apenas um referencial, mas o mais importante era que eu acreditava num Brasil melhor.

Hoje, olho para o pessoal das universidades e fico muito triste. Ninguém levanta bandeiras sociais, ninguém pensa no próximo, ninguém quer saber do Brasil. A rapaziada só está querendo estudar, estagiar, trabalhar e ganhar dinheiro. Não os culpo, pois foram educados assim. Mas os utilizo como exemplo para dizer que EU FUI DIFERENTE e sempre serei! O PT me traiu, minhas ideologias políticas e econômicas também mudaram, assim como alguns conceitos também. Hoje, por exemplo, eu jamais condenaria as privatizações, pois elas foram boas para o Brasil. A isso, dá-se o nome de amadurecimento. No entanto, enquanto esse país não tiver educação de qualidade, saúde pública para quem necessita, segurança para nossos filhos, trabalho e salários dignos para quem constrói a nossa nação, direi sempre: A LUTA CONTINUA!!!



Abraços a todos e obrigado pela atenção.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O MENINO E O SAMBA

Pessoal, acompanhei atentamente as finais de disputa de samba-enredo nas escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Fiquei espantado com os sambas vencedores. Quanta porcaria!!! Sincaramente, eu só salvo o samba da Imperatriz Leopoldinense, o da Beija-Flor e do Salgueiro. No mais, as músicas pecam nas melodias, nas letras e em outros aspectos.
As minhas maiores decepções foram os sambas de Vila Isabel e Grande Rio. A Vila vai falar em 2009 sobre os 100 anos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Esse é - de longe - o melhor enredo entre as escolas. A sinopse do enredo, elaborada pelo carnavalesco Alex de Souza, fala da construção, da inauguração, dos grandes espetáculos, das grandes personalidades e de vários pormenores que estão presentes na rica história do Theatro Municipal. Era de se esperar que o samba fosse fiel ao enredo, mas isso não aconteceu. O que podemos ouvir é um punhado de frases prontas do tipo cliche, como "Girar no sonho de uma bailarina" e "O astro Rei brilha no Céu". Quanta falta de criatividade! Presidente Moisés (que é meu amigo), não fique aborrecido comigo, mas esse samba não está à altura de uma escola que acaba de inaugurar a quadra mais bonita que eu já vi e que apresenta o enredo mais rico historicamente e intelectualmente (Puxa a orelha da rapaziada aí, Moisés!!!).
O samba da Acadêmicos do Grande Rio, escola que vai falar da França, é um SHOW DE HORRORES. No refrão principal, há duas palavras francesas de pronúncia complicada, que vão comprometer a correta interpretação do samba na avenida. Tanto isso é verdade que, na gravação feita pelos compositores, o intérprete não as consegue pronunciar direito. Além disso, a letra comete erros históricos absurdos ao abordar a invasão francesa ao Rio de Janeiro e ao falar da Revolução Francesa. Os compositores simplesmente dão a entender que as navegações francesas que resultaram na invasão do Rio foram impulsionadas pela revolução, que aconteceu mais de 100 anos depois. Meu Deus!!.... Quanto desconhecimento histórico!! O mínimo que se espera de alguém que vai fazer um samba é o conhecimento do tema.
Acho que a chamada "Nova Geração" do samba tem bons nomes, ao contrário do que alguns críticos musicais dizem. Desta forma, não se pode generalizar nas críticas e dizer que nunca mais haverá um compositor como Silas de Oliveira e outros grandes mestres. Mas, mesmo defendendo os novos compositores, acho que o pessoal "errou a mão" neste ano. A culpa é - em grande parte - das direções das escolas que, durante o processo de escolha do samba, preferem as músicas que apenas "agitem o povão" (que muitas vezes é contratado pelos próprio compositores) em detrimento dos sambas fiéis à proposta do carnavalesco.
Para encerrar, dou parabéns para Imperatriz, Beija-Flor e Salgueiro, que mais uma vez escolheram o samba da maneira coerente com o tema. Aproveito para dar parabéns também às escolas da Lesga (Grupo de Acesso "A"), que estão escolhendo bons sambas e produzindo o CD de maneira bem mais profissional.

Saudações aos amigos!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

MÚSICA TEM ORIENTAÇÃO SEXUAL?

Amigos, hoje aconteceu algo estranho comigo. Comentei com uma colega de trabalho que gostaria de ir ao show da cantora Cyndi Lauper, no próximo dia 15, aqui no Rio. Como falo alto, as pessoas acabaram ouvindo minha conversa. Assim, imediatamente outro colega levantou de sua mesa e falou: "Ah, você gosta de Cyndi Lauper???? Você é viado!!!! HAHAHAHAHA". Eu ainda tentei argumentar algo em minha defesa. Disse que não tinha nada a ver, que apenas sou fã da Cultura Trash- Pop dos anos 80, que vou à Festa Ploc (festa temática dos anos 80 que acontece aqui no Rio), que as músicas da referida cantora lembram a minha adolescência etc. Mas não adiantou nada, a cada argumento que eu utilizava, mais pessoas apareciam no local para dizer: "Acho que você é boiola" ou "Ah, viado, viado". Como os argumentos não adiantaram, resolvi ficar calado e apenas refletir sobre o "viado" que, por maioria absoluta de votos e sem segundo turno, eu acabava de descobrir que era.
Mas afinal de contas, música tem orientação sexual? Por que as músicas da Cyndi Lauper são "de viado"? Outra questão interessante: se uma cara gosta de música de viado, ele é necessariamente viado? Acho que não, pois, se fosse assim, toda a minha geração (pessoal que nasceu entre 1975 e 1985) seria gay! Todos mesmo, inclusive nós, que éramos garotos na época - curtíamos Cyndi Lauper, Village People, Glória Gaynor, Glória Estefan, Madonna, Olívia Newton John, Bee Gees, ABBA, Fredie Mercury e outros artistas. Além disso, que atire a primeira pedra quem - mesmo depois de adulto - nunca se esbaldou ao som de "Macho Man", "YMCA", "I Will Survive", "Night Fever", "It's Raining Man", "Girls Just Want to Heave Fun", "Rádio Ga-Ga", "Dancing Queen" e outros sucessos. Garanto que essas baladas fazem qualquer "machão" dançar sem necessariamente "mudar de time". Falo isso por experiência própria, pois na minha festa de casamento, das muitas músicas que tocaram, só os mesmo Flashbacks fizeram o pessoal realmente dançar (inclusive o noivo. Ué, será que o noivo era gay?).
Gente, vamos parar com isso! Até entendo que o que aconteceu comigo hoje foi uma brincadeira sem a finalidade da ofensa. Mas é muito perigoso rotular uma pessoa pelo que ela ouve. Aliás, rotular qualquer um é sempre perigoso. Só de "birra", em breve postarei aqui uma lista de hits "gays" que eu curto. Se possível, anexo o áudio de um pedacinho de cada uma das músicas. Olha, garanto que você não sentirá qualquer alteração no nível de masculinidade. Mas se sintir, relaxa, é só evitar ficar perto do negão no ônibus lotado que ninguém vai perceber (rsrsrsrsrs).

Abraços!

O MENINO E AS ELEIÇÕES.

Como aqui a gente tem opinião, não poderia de deixar de me posicionar em relação ao segundo turno das Eleições Municipais. Como já fizeram os companheiros Ricardo Noblat e Lúcia Hipólito (em seus blogs, naturalmente), também exponho aqui meus candidatos.

No Rio de Janeiro:
Voto em Fernando Gabeira, pois ele é realmente diferente dos demais políticos. Gabeira tem história, tem ética e não compõe com a velha máquina partidária. É claro e evidente que ele tem apenas boas idéias, mas nenhuma delas é uma proposta realmente concreta. Por outro lado, Eduardo Paes é cheio de propostas concretas, que viraram promessas de campanha. Acontece que os políticos acabam não cumprindo o que prometem. Desta forma, prefiro votar num cara que diz apenas pensar em fazer algumas coisas do que no cara do discurso pronto. Além disso, a campanha de Gabeira causa desespero nos marqueteiros profissionais, pois ele não utiliza peças publicitárias, galhardetes, santinhos. O cara utiliza apenas o tempo de TV para convidar os eleitores a uma visita ao site. Isso é bom, pois causa desespero a toda a galera que adora um Caixa 2 de campanha.
Outro ponto que me faz acreditar em Gabeira é que justamente quando ele disse que não negociaria cargos no governo, todos os grandes candidatos do primeiro turno correram para a outra candidatura.

Em São Paulo:
É difícil, é complicado, é até de estômago revirado, mas vou de Marta Suplicy. Calma, eu explico... Na verdade, minha candidata em São Paulo seria Soninha Francine, que não chegou no segundo turno. Aí a coisa realmente ficou complicada, pois de um lado temos o prefeito que privilegia as áreas mais ricas da cidade na divisão de verbas e já foi da turma do Maluf e do Pitta. Do outro, temos a ex-prefeita que simplesmente teve a cara-de-pau de criar novos impostos no país que tem uma das maiores cargas tributárias do mundo.
O mais coerente seria o voto nulo, mas tenho por princípio não adotar essa prática para cargos do Poder Executivo. Além disso, minha característica principal é ter lado, mesmo que me arrependa depois.
Optei por Marta por dois fatores. O primeiro é que não confio em quem já esteve com Maluf. O segundo é que acho sacanagem o que a imprensa faz com a Marta. Primeiro veio a história do "Relaxa e Goza", onde pegaram uma frase isolada, fora do contexto e fizeram a caveira dela. Depois veio essa palhaçada de dizer que ela estava questionando a orientação sexual do adversário. Sinceramente, pessoal, vi a propaganda e não achei que ela tenha colocado a vida sexual do Kassab em discussão. Ela quis apenas incitar os eleitores à reflexão sobre a transparência do cara. Sou profissional de imprensa e sei que a mídia gosta de perseguir algumas pessoas mesmo.
Mesmo assim, tenho críticas políticas à candidata. Mas ainda a prefiro em relação ao Kassab.

Depois falo de BH e Porto Alegre.
Abraços!

FINALMENTE CHEGOU A MAIS NOVA “OBRA PRIMA” DA INTERNET!!!

Olá, pessoal, é com muita alegria que declaro criado este espaço para a livre troca de idéias e opiniões. E quando digo livre, é porque é livre mesmo! Aqui não existe o “politicamente correto”, pois o que importa mesmo é a minha opinião. Se você quiser ler, fico muito feliz. Se quiser ler e comentar algo, sinta-se em casa - mesmo que seja uma opinião diferente da minha. Mas se não quiser nem ler, nem comentar, tá tudo bem do mesmo jeito (Vá em blogs de outros colegas. Quem sabe no da Bruna Surfistinha você não se sete melhor?).
“Dona Elizabeth, esse menino não tem jeito”, essa era a frase mais ouvida pela minha mãe ao longo da minha vida escolar, nos colégios pelos quais passei. Segundo os professores e coordenadores, eu não apenas era péssimo aluno, mas me constituía numa pessoa irrecuperável. Pedagogos e orientadores educacionais me classificavam como um menino vagabundo, desrespeitoso, insubordinado, sem família e até retardado mental. Para se ter uma idéia, o meu teste vocacional - feito no Ensino Médio – atestou que eu não levava jeito pra nada! Minha mãe, coitada, sempre ouvia tudo com muita atenção, mas com um semblante estranhamente tranqüilo. Essa tranqüilidade era de quem sabia (continua sabendo e sempre saberá) que não importa o que os “gênios” dizem, ela conhece o filho que tem! Por isso, antes de qualquer coisa, dedico este blog a minha mãe, que “bancou” com palavras e atos o homem que sou hoje. Obrigado, mãe!
Passada a vida escolar e universitária, fiz-me um cidadão. Tive formação moral e ética decente (além da minha mãe, também devo isso ao meu pai, ao meu padrasto e ao meu avô Raul). Hoje, aos 27 anos, sou jornalista, casado e pai de lindo um menino. Sem qualquer pistolão corri atrás de realizar meu sonho, que, desde pequeno, era trabalhar no rádio. Mesmo com notas baixas, estudei para isso. Fiz inúmeros estágios na área de Jornalismo. Em alguns deles passei por experiências incríveis. Pelas minhas próprias pernas (e também com a ajuda de Deus) cheguei à Rádio Tupi do Rio de Janeiro. Pronto, a porta do meio rádio se abriu. Segui trabalhando, outras rádios vieram e - numa bela manhã de sol - fui parar na empresa onde sempre sonhei estar: a Rádio Globo.
Voltando para a justificativa do título deste blog, apesar de ter progredido na vida intelectual e profissional (contrariando muitas previsões), ainda me considero um “menino sem jeito”. E digo mais, hoje compreendo melhor todo o processo de malhação de Judas ao qual fui submetido nas escolas. É que realmente eu não tenho jeito! Condeno com veemência o processo educacional em nosso país e expresso essa opinião. Tenho idéias próprias, fundamento minhas posições com argumentos sólidos, não aceito a imposição, não dou minha opinião apenas para ser politicamente correto, diplomático ou qualquer coisa parecida. Além disso, tenho a “petulância” de discordar quando entendo que isso deve ser feito. E discordo mesmo, não importando de quem seja a opinião a ser refutada. Assim, a vida acabou me mostrando o que é exatamente o “menino sem jeito”. Tratava-se apenas de alguém que incomodava a escola. Hoje em dia, não incomodo mais a escola, mas incomodo alguns amigos, colegas de profissão, familiares, conhecidos.
Só que tem um pequeno problema nisso: acabei virando uma pessoa pública. Desta forma, tenho que segurar a avalanche das minhas opiniões e do meu jeito de ser. Em meu trabalho, falo com centenas de milhares de pessoas diariamente. Entro nos carros, nas casas, nos escritórios e em vários lugares onde há alguém com o rádio devidamente sintonizado. Incomodar agora coloca em risco o sustento de minha família. Tenho que me comportar! Mas como? Como deixarei de ser o “menino sem jeito” se esse é o meu verdadeiro eu? Como trair meus ideais? Como não INCOMODAR a velha e hipócrita sociedade? A solução é o blog!
Aqui o Daniel Penna-Firme é simplesmente o “menino sem jeito”. Se eu falar aqui que defendo 10 anos de cadeia para flanelinha, por exemplo, não sou demitido e nem criticado pelos ouvintes. Simples essa solução, né? Espero que sim. Portanto, se você quiser tradicionalismo, entretenimento, notícias, músicas e vídeos, esse definitivamente não é o seu lugar. Mas se você gosta de quem tem opinião, de quem tem lado, de quem não se esconde (apenas muda de local para expressar opinião), seja muito bem vindo. Sinceramente, não sei como não pensei nisto antes. Afinal, é como diziam os professores “esse menino não tem jeito”!